Era um grão muito bonito que despertava elogios quando as pessoas o tomava nas mãos. Perguntavam o preço e se detinham com ele entre os dedos, apertando-o, cheirando-o e salivando.
O grãozinho ficava assustado se encolhendo como se desejasse desaparecer daquele saco tão grande onde milhares de outros grãos esperavam pelo seu destino. Apenas ele vivia triste e se perguntando:
- Meu Deus, o que será que farão comigo?! Se vendido, irei parar numa panela, talvez, ou quem sabe numa cova escura da terra para germinar e nascerem mais irmãozinhos meus. Que sorte esta minha!! Lamentava-se.
Os outros grãos tentavam consolá-lo mas ele recusava-se a admitir qualquer uma destas hipóteses.
Um dia, entrou no mercado uma mulher procurando por grãos de feijão preto. Ela trabalhava com artesanato e precisava deste tipo de feijão. Olhou e, de imediato viu o saco enorme cheio de feijão pretinho com grãos grandes, lustrosos e bonitos.
- É isto aqui que estou procurando, falou a mulher enquanto se dirigia para o saco de feijão, tomando um punhado de grãos nas suas mãos, sorrindo maravilhada.
- Quantos grãos lindos! dizia ela para o vendedor. Vou querer vinte quilos para fazer lindas peças de artesanato.
O homem satisfeito com a venda, colocou meio quilo a mais, como um agrado.
E não é que o grãozinho triste e preocupado foi no meio deles?!
A mulher fez lindas peças artesanais que foram enviadas ao exterior, e foi assim que o nosso grãozinho não foi parar na panela para matar a fome de alguém nem se tornou em uma planta vigorosa para dar muitos e muitos grãos. Simplesmente passou a viver num arranjo de uma peça de cerâmica, pintado e envernizado.
O grãozinho se parece muito com algumas pessoas que tentam de toda maneira fugir ao seu destino e acabam infelizes. Sim, porque as lágrimas do grãozinho que estava na peça artesanal eram tantas que aos poucos a pintura foi desbotando e a peça foi deixada ao abandono.
Devemos saber quem somos e qual a nossa destinação e aceitarmos aquilo para o qual fomos criados sem lamentações.
2 comentários:
Há um diferença em ficar triste com o que o destino lhe proporciona e lutar para ter um destino melhor...
Fique com Deus, menina Vivian Sbrussi.
Um abraço.
Oi,
Vi,
Nada acontece por acaso. Mas, podemos amenizar os acontecimentos, basta ter bons pensamentos e fazer o bem sem olhar a quem pois a lei da causa e efeito e como um bumerangue sempre volta pra nós.
Bjos no seu coração.
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