segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Repelentes contra Mosquitos

* Por Dra. Aluce Ouricuri

O aumento do número de casos e da gravidade da dengue no Rio de Janeiro fez com que as pessoas aumentassem o uso de repelentes, na busca de proteção contra o mosquito.

Quando se fala em repelentes, refere-se não apenas àqueles utilizados na pele, mas a todas as formas de afastar os indesejáveis insetos.

Repelente é toda substância que aplicada sobre a pele, roupas ou outras superfícies, impedindo que os mosquitos pousem ou rastejem naquela superfície.

Repelentes corporais - ingrediente ativo: DEET
Principais marcas: Autan, Off, Repelex e Exposis.

Os repelentes para uso na pele são variados e funcionam contra diferentes tipos de insetos. No ato da compra, é importante ler atentamente o rótulo e observar qual é o seu ingrediente ativo. DEET é abreviação para “dietil-n-toluamida”, substância patenteada pelo exército americano em 1946 e vendida no mercado mundial há mais de 50 anos. Atua interferindo nos aromas da pele humana, confundindo o inseto. É um repelente eficaz, mas pode ter efeitos tóxicos quando aplicado de forma sucessiva ou em concentrações superiores às recomendadas. Não deve ser utilizado em menores de seis meses de idade.

A ação protetora do DEET depende da concentração: sabe-se que as concentrações superiores a 30% têm ação mais prolongada. Concentrações baixas (de 5 a 10%) têm ação por tempo curto, necessitando aplicações mais freqüentes. Infelizmente, o uso repetido aumenta o risco de efeitos tóxicos.

No Brasil, país de temperaturas elevadas e úmidas, a concentração de DEET em torno de 30% pode conferir proteção em torno de 80%, durando cerca de 3 horas.

Há muita discussão em torno das principais marcas no mercado brasileiro, questionando sua concentração baixa de DEET, o que poderia interferir no resultado final.

Outro ponto negativo é que a maioria é perfumada e, como mostram os testes científicos, fragrâncias tendem a atrair insetos.

Recentemente o laboratório Osler lançou no Brasil o Exposis: encontrado na apresentação de spray e gel, com 50% de DEET, sendo recomendado para adultos e crianças maiores de dez anos de idade. A apresentação infantil pode ser usada em crianças acima de 2 anos e contém como princípio ativo a substância Bayrepel (icaridina), tão eficaz quanto o DEET, mas com menos efeitos indesejáveis e com ação lenta, garantindo proteção por cerca de 10 horas.

O DEET pode ser tóxico para olhos e boca, causando prurido (coceira), urticária e dermatite de contato. Em contato com a boca pode causar sensação de queimação nos lábios e língua. Recomenda-se evitar o uso em aerossol ou spray e não aplicar em pele inflamada ou irritada.

Repelentes químicos

– Permetrina e derivados:
Principais marcas: SBP. Protector, Baygon, Raid, Rodox, Mortein

A permetrina é um inseticida, mas quando aplicada em vestimentas, telas e mosquiteiros, atua como repelente de contato, conferindo proteção maior de 90%. Não deve ser aplicada diretamente na pele, sob pena de reações como queimação, prurido (coceira) e erupção cutânea (rash).
- As reações mais comuns causadas pelos inseticidas dizem respeito à irritação do sistema respiratório pelo forte odor dos produtos, incomodando sobremaneira as pessoas alérgicas.
- Modernamente, surgiram inseticidas em aerossol sem cheiro, o que por um lado facilita a aceitação pelas pessoas portadoras de alergia, mas pela falsa sensação de segurança, tendem a induzir o uso excessivo.
- Existem preparações inseticidas com permetrina em associação com outras substâncias para uso em tomadas elétricas e que liberam lentamente o princípio ativo. Pessoas portadoras de asma e rinite só devem utilizá-los sob orientação médica.
- O uso de inseticidas em espirais pode levar à maior irritação de mucosas e deve ser evitado pelos alérgicos.

Repelentes Botânicos

Principais tipos: Citronela, Cânfora, Alho, Eucalipto, casca de laranja e óleo de Andiroba

- Citronela: um bom repelente deve ser irritante para o inseto e ter evaporação rápida. A citronela em concentração de 100% é evaporada em cerca de 10 minutos. Produz reações alérgicas em 2% dos seus usuários. Os estudos mostram resultados contraditórios: enquanto uns mostram alta proteção contra Aedes (cerca de 97% por 3 a 5 horas), outros não apontam eficácia.
- Óleo de andiroba: Pesquisa da Fiocruz com vela de andiroba mostrou 90% de proteção contra Aedes aegypti. Está em estudo o óleo de andiroba com 100% de proteção.

- Velas: tem alcance restrito mas podem ser úteis em afastar o inseto.

- Casca de Laranja, Alho, Cravo, Cânfora, Eucalipto: necessitam mais estudos para comprovar a eficácia com relação ao Aedes aegypti.

Repelentes eletrônicos

Emitem ondas ultrassônicas que repelem o inseto. No entanto, sua eficácia é baixa, já que os mosquitos podem se abrigar em locais livres do ultra som e resistir ao efeito.

Outras opções:

- Vitaminas B1 e B6: eficácia modesta, não protege indivíduos predispostos. Só tem ação em altas doses, o que pode incorrer em efeitos colaterais.

- Complexo B: não tem efeito protetor comprovado.
- Cápsulas de Alho: não tem eficácia comprovada.

- Óleos: uma medida que pode substituir o uso de repelentes é o uso de óleo mineral (Nujol) ou vegetal (óleo de amêndoas) após o banho. A presença do óleo dificultará a fixação do mosquito na pele.

- Pulseiras repelentes: contém um pequeno bolso onde é guardada pastilha de citronela, que deve ser trocada a cada 15 dias. As pulseiras são importadas, ainda não disponíveis no Brasil e não têm parecer técnico da ANVISA.

- Ventiladores: existe no mercado brasileiro um modelo que utiliza pastilha de repelente num recipiente próprio e um outro modelo gerador de ozônio que repele mosquitos.

- Raquetes elétricas para para matar mosquitos.

- Mosquiteiros com repelentes: fabricados no Japão com o inseticida incorporado às fibras e que funcionam como barreira química, matando os mosquitos que se aproximam. Têm duração de 3 a 5 anos. Estudo americano recente mostra que o uso de mosquiteiro tratado com inseticida é eficaz na redução do mosquito Aedes aegypti - transmissor da dengue. Sabe-se que este mosquito não tem costume de picar à noite, mas tende a permanecer nas casas após se alimentar de sangue, especialmente em casas pequenas. Estes mosquiteiros são comercializados no Brasil e autorizados pela ANVISA, com apoio da OMS em modelos para camas, berços, redes e carrinhos de bebês.
Como usar repelentes de forma segura

- Antes de usar um repelente, leia o rótulo e obedeça a instrução de uso.
- Aplique o repelente nas áreas descobertas: braços, pernas, atrás das orelhas e no pescoço.
- Repasse-o a cada quatro horas, pois o suor reduz a ação da substância. Não use repelente sob as roupas.
- Não aplique em áreas de mucosa (boca e olhos), para evitar irritação.
- Não aplique repelente na pele irritada ou com cortes.
- Use uma quantidade do produto necessária apenas para cobrir levemente a pele exposta e/ou o vestuário. A aplicação de quantidades grandes não faz com que o produto funcione melhor e aumenta a chance de efeitos colaterais.
- A ANVISA recomenda o máximo de 3 vezes ao dia para uso de repelentes.

Dicas Especiais:

- Pessoas com Dermatite Atópica ou alergias na pele não devem usar repelentes sem consultar o médico. Lesões na pele causadas pela doença podem aumentar a absorção do produto e facilitar aparecimento de reações indesejáveis.
- Pessoas com Asma ou Rinite podem piorar sintomas em função do odor ativo dos repelentes e inseticidas. Consulte o médico antes de usar.
- Repelentes podem ser tóxicos: guarde o produto fora do alcance das crianças.
- Ao aplicar repelentes em uma criança, coloque um pouco nas mãos e só então espalhe na pele infantil. Não aplique nas mãos da criança, para evitar que inadvertidamente coce o olho ou leve a mão à boca, ingerindo o produto.
- Se notar irritação da pele, erupção cutânea ou qualquer outro sintoma que acredita ter sido provocado pelo repelente, pare de usar o produto, lave a parte afetada com água e sabonete e entre em contato com o médico ou com o posto de saúde. Se você tiver consulta médica, leve o produto para mostrá-lo ao médico.

Para encerrar, é importante lembrar que independente do uso de repelentes, existem medidas eficazes, simples e saudáveis para evitar mosquitos, como:

- Vestir calças compridas, sapatos fechados e meias.
- Fechar janelas ao entardecer,
- Usar telas de proteções nas janelas e portas,
- Usar mosquiteiros.
- Evitar locais onde haja maior freqüência de insetos picadores (campos, porões, proximidade de lixeiras, etc.).
- Evitar: perfumes, loções ou óleos perfumados, pois fragrâncias atraem insetos.
- Evitar roupas com cores vivas e brilhantes. Cores em tons de azul, verde ou branco, atraem menos os insetos.

E, claro, não descuide dos cuidados específicos de combate ao Aedes aegypti, transmissor da dengue. Não basta eliminar o mosquito se não acabar com os criadouros de larvas: qualquer recipiente que acumule água pode ser uma fonte para a doença!

Repelentes em geral causam pouca alergia.
Mesmo assim, pessoas alérgicas devem consultar o médico antes do uso.

A equipe médica do Blog da Alergia agradece a honrosa parceria com a Dra. Aluce Ouricuri, Chefe do Setor de Alergia e Imunologia do Hospital dos Servidores no Rio de Janeiro, Membro do Comitê de Alergia da SOPERJ e da Câmara Técnica de Alergia o CREMERJ, na elaboração deste texto.

(fonte: http://blogdalergia.blogspot.com/search?updated-max=2008-05-18T10%3A28%3A00-03%3A00&max-results=10)

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