terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Uso indiscriminado de antibióticos cria bactérias resistentes


A morte da modelo Mariana Bridi e a infecção que levou à amputação dos dedos da nutricionista Aline Borges trouxe à tona a discussão sobre infecções cada vez mais severas e difíceis de serem combatidas. Além da comoção causada pela doença e morte de pessoas tão jovens, muita gente começa a se perguntar porque os médicos não estão conseguindo controlar infecções que sempre foram consideradas simples. É em meio a esse debate que surge o problema da automedicação.

Segundo o presidente da regional mineira da Sociedade Brasileira de Clínica Medica, Oswaldo Fortini, o uso indiscriminado do medicamento pode se tornar uma questão de saúde pública. "O uso incorreto dos antibióticos vai selecionando cepas de bactérias. Essa seleção não prejudica apenas quem toma a medicação, prejudica muitas pessoas. Toda a população fica a sujeita às consequências porque a infecção é transmitida de pessoa a pessoa. É diferente da automedicação com anti-inflamatórios, quando o paciente é o único prejudicado", explica Oswaldo Fortini.

O médico cita exemplos clássicos de bactérias resistentes. "O Streptococcus era tratado com penicilina, hoje precisamos de medicamentos mais fortes. O Bactrim tratava todo tipo de infecção urinária. Hoje, apesar de ainda combater a bactéria mais comum nesse tipo de infecção, já não é tão usado porque muitas cepas são resistentes", explica.

Dirceu Greco, infectologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que a resistência das bactérias é uma das maiores preocupações de médicos e cientistas. "Hoje a comunidade médica internacional inteira discute a resistência à tuberculose. Já tínhamos uma bactéria resistente ao conjunto de medicamentos existentes. Agora, há uma bactéria superresistente, chamada assim porque não responde a mais de um medicamento, é uma nova cepa", conta Dirceu Greco. Para ele, automedicação cria um ciclo que não se encerra nunca.

"Com bactérias mais resistentes teremos medicamentos cada vez mais caros, menos gente vai poder comprar, o que diminuiu o acesso ao tratamento, traz mais risco de morte, e por aí vai", analisa Greco.

Outro erro comum apontado pelos especialistas é a interrupção do tratamento quando os sintomas desaparecem. "Tomar antibiótico por pouco tempo pode agravar a infecção existente e pode, também, gerar uma complicação à distância. Uma amigdalite mal tratada pode dar glomerulonefrite, uma inflamação no rim que pode levar a insuficiência renal", afirma Fortini.




(fonte: http://www.crfmg.gov.br/)

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