Companheiros de trabalho que se irritam diante do mínimo aborrecimento. Chefes que se irritam por que são contrariados ainda que sutilmente pelos seus subordinados. Pais que se irritam pela correria e gritaria dos seus filhos, como se preferissem filhos paraplégicos, surdos-mudos.
Irritamo-nos com os sinais de trânsito, mesmo que eles sejam capazes de salvar vidas. Esbravejamos quando o motorista da frente vira sem dar sinal. Enfiamos a mão na buzina logo que o sinal abre e o motorista da frente não arranca rapidamente seu veículo.
Já cometi vários erros com meus filhos e amigos. Tantas vezes foram as que me irritei quando assistia a determinado programa de TV e eles pediram minha atenção. Quantas vezes fazemos isso?
Nossos filhos, ansiosos para nos contar as descobertas maravilhosas da vida, descobertas simples, como a de que os pássaros voam, os cães deitam e rolam, a minhocas mesmo quando cortadas em várias partes, ainda se movimentam, que as abelhas produzem mel através do pólen que coletam das flores, e nós, cessando a criatividade deles, não os ouvimos, preferindo continuar a assistir o noticiário da TV, a novela, o filme, mesmo estando em jogo a alegria de quem dizemos amar sem ressalvas.
Aos poucos vamos acumulando pequenas irritabilidades. Todo instante, todo momento, diariamente, nos irritamos facilmente. Deixamos de contemplar pequenas belezas. O passeio pelo parque já não é atraente, o abraço do filho quando chegamos exaustos do trabalho não alenta, o jantar em família não é praticado.
Ao fim do dia, parecemos cansados, mesmo que não tenhamos feito grandes exercícios físicos. Mas, mentalmente, sufocamos a paciência, a arte de contemplar pequenas coisas pelo excesso de momentos que nos irritaram, por mais que nenhum deles fosse merecedor de causar irritação.
Se estudarmos a arquitetura dos pensamentos, reconheceremos o mal que fazemos a nós mesmos quando nos irritamos, pois todas essas idéias irritadiças, pensamentos negativos e conclusões sem análises ficarão para sempre registrados em nossa mente, norteando nossa existência. Como ser saudável se não nos nutrimos com o pão da compreensão e do entendimento e sim, comemos o pão amargo da irritação?
Nos irritamos com o vendedor que não nos atende adequadamente, mesmo sem compreender que fora arremessado naquela profissão e ainda não teve a oportunidade de ser treinado.
Somos acometidos pela irritação quando o pneu do veículo fura e, debaixo de chuva, temos que substituí-lo, mesmo que bilhões de pessoas sequer têm calçados para os pés. Ficamos irritados quando o salário atrasa um único dia, ainda que milhares aguardem uma vaga.
A irritabilidade, na verdade, surge da nossa incapacidade de reconhecer o quanto temos motivos para ser feliz. Não ousamos brindar o dia que nasce, os filhos que temos, o emprego que possuímos. À mínima contrariedade, nos irritamos.
A maioria de nós também é capaz de se irritar pelo que ainda não aconteceu. Sofremos pelos pensamentos antecipatórios, por mais que 90% das coisas que imaginemos ser catastróficas, sequer aconteçam, e os 10% que acontecem, nem se aproximam das tragédias que imaginávamos suceder.
Irritar-se é aprisionar a alegria, massacrar o prazer de viver. Toda vez que se irritar à mínima ofensa ou diante de qualquer outro acontecimento, lembre-se de que está trucidando um valioso período da sua vida, e de muitas outras pessoas.
Se diante de algumas situações, você perceber que irá perder o controle, pare e pratique a arte de pensar antes de reagir. Nutra seu ser com sabedoria. Questione-se, por exemplo, assim: “qual será o impacto de minha atitude em minha e à vida das demais pessoas?” Quase sempre que nos permitimos essa análise, a ação ou reação que teremos será calidamente menos agressiva.
Não permita que a alegria de viver e a possibilidade de contemplar os pequenos momentos da vida sejam sobrepostas pela irritabilidade. Transforme seus dias e o das pessoas que o rodeiam em inesquecíveis e saudáveis instantes.
Quais têm sido suas irritações? Pelo que tem trocado o prazer dos momentos? Você se permite roubar precisos instantes da sua vida? Qual é a contribuição à sua existência, toda vez que se deixa furtar pela irritabilidade?
Paulo Sérgio Buhrer
Contador, Consultor, Palestrante e Escritor
(FONTE: http://www.ogerente.com.br/novo/colunas_ler.php?canal=6&canallocal=53&canalsub2=177&id=2218)
Um comentário:
SENSACIONAL ESTE ARTIGO. SIMPLESMENTE EXTRAORDINÁRIO.
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